Em busca da palavra perdida – III
Enfim, encontramos
a palavra
Resumo
Este texto narra uma experiência mística e
espiritual, onde o autor busca um encontro profundo com o Divino. Através de
uma jornada solitária e posterior em companhia de um ser amado, o narrador
vivencia uma série de visões e revelações que o conduzem a uma compreensão mais
profunda da divindade. A narrativa explora temas como a busca espiritual, a
relação entre o divino e o humano, a importância do amor e a natureza da
revelação. A experiência culminante é marcada por um encontro com a palavra
divina, simbolizando a união entre o finito e o infinito, o humano e o divino.
Palavras-chave: experiência mística, busca espiritual,
divindade, amor, revelação, encontro divino, palavra divina, jornada interior.
Nas margens do rio
À semelhança de Ezequiel, busquei nas
margens do Rio Cobar um encontro com o Divino. A experiência, porém, transcende
as palavras que conheço. Posso apenas dizer que a jornada solitária me revelou
a incompletude da busca. Ao Amor, não se chega sozinho.
Os antigos já profetizavam: para
encontrar o Divino, primeiro devemos encontrar o próximo. Neste encontro reside
a chave para o encontro com o Altíssimo.
Fomos ao teu encontro e, de mãos dadas,
voltamo-nos para Deus. À semelhança de Enoc, buscamos Deus na casa de sete
átrios. Ao nos aproximarmos, fomos levados por nuvens e ventos para dentro dos
Céus.
De repente, encontramo-nos face a face
com uma parede construída de pedras de cristal, envolvida em nuvens de fogo.
Logo em seguida, fomos atraídos pelas línguas do fogo e lançados em uma casa
construída de pedras da mesma natureza do muro.
Da mesma forma, suas paredes estavam envolvidas
por línguas de fogo, embora o seu teto consistisse de água sólida. Sentíamos um
frio gélido e um calor intenso, como labaredas. Lançamo-nos ao chão e fomos
acolhidos em outra casa mais ampla.
Em nossa jornada mágica, adentramos as
proximidades do trono divino. Lá, a presença do Altíssimo irradiava luz e
calor, envolto em vestes que rivalizavam com o esplendor solar. A imensidade de
Sua glória nos cegava, impedindo-nos de contemplar Seu rosto sagrado.
Verifiquei que conhecer Deus
intelectualmente era uma meta cada vez mais distante e triste fiquei. Até que
compreendi que o conhecimento de Deus se dava pelo coração. Minha razão, então,
aceitou o conhecimento do sagrado como uma revelação, algo a ser recebido e não
provado.
Ao aceitar Deus como parte de mim, a
confiança em Sua presença constante se tornou natural. Assim, o Infinito, que
transcende tudo, coexistia com minha finitude; o Eterno, com meu tempo.
Compreendi que encontrar Deus não exigia transcender o mundo, mas sim
reconhecer Sua presença em mim e em tudo à minha volta.
Beijei a minha bem-amada como nunca
havia beijado antes. Compreendi, como algo simples e natural, que é entre o
bem-amado e a bem-amada, na relação dos dois, que o Altíssimo se manifesta.
Nesta visão, o Amor nos beijou e fomos contemplados com o maior tesouro do
Cosmo. A palavra - o Verbo, o Logos que estava na origem voltado para Deus -
não estava mais perdida em nós. E assim, vimos a face do Pai na criança que
veio, mansa como um cordeiro, anunciar que a palavra estava encontrada.
Poeta Hiran de Melo - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita -
oráculo de Melquisedec, ao Vale do Mirante, 08 de novembro de 2012 da Revelação
do Cristo.
Comentários
Postar um comentário