A Lenda de Hiram – Capítulo 5
Raízes e Abertura
Resumo
O
artigo discute a delicada questão da divulgação de ensinamentos maçônicos para
o público externo. O autor reconhece a importância da tradição oral e da
experiência vivencial dentro da Loja, mas argumenta que a divulgação pode ser
benéfica para estimular a reflexão, atrair novos membros e enriquecer o acervo
histórico da Ordem. No entanto, o texto enfatiza que a leitura de artigos não
substitui a iniciação e a participação ativa nas atividades maçônicas. A
compreensão profunda dos mistérios maçônicos exige a imersão no universo
simbólico e o contato pessoal com os irmãos mais experientes.
Palavras-chave:
Maçonaria, divulgação, iniciação, tradição oral, experiência vivencial,
mistérios, simbologia.
Abertura ao diálogo
Compreendo as preocupações de alguns
quanto à divulgação de nossos ensinamentos através deste espaço. A Maçonaria,
por sua natureza, valoriza profundamente a tradição oral e a experiência
vivencial dentro da Loja. No entanto, creio que a busca pelo conhecimento e a
vontade de compartilhar nossos valores podem coexistir de forma harmoniosa.
É
verdade que a leitura de um tratado maçônico por um profano pode ser como
tentar decifrar uma partitura musical sem conhecer a teoria musical. A
compreensão profunda dos nossos símbolos e rituais exige a imersão em nosso
universo simbólico e a participação ativa nas nossas atividades.
Objetivos
No
entanto, a publicação de artigos neste blog tem como objetivo:
ü Estimular a reflexão e a troca de
informações entre os irmãos, enriquecendo assim nossa compreensão dos
ensinamentos maçônicos.
ü Mostrar ao mundo externo a beleza e a
relevância dos nossos valores, despertando a curiosidade daqueles que buscam um
caminho de auto aperfeiçoamento.
ü Documentar nossas reflexões e
experiências, contribuindo para a construção de um acervo histórico da nossa
Ordem.
Limitações
É
preciso ter em mente que:
ü Os artigos publicados neste blog são
apenas uma introdução, eles servem como um convite à reflexão e ao
aprofundamento dos temas abordados.
ü A verdadeira compreensão dos nossos
mistérios se dá através da participação ativa nas nossas atividades e do
contato pessoal com os irmãos mais experientes. A iniciação maçônica é um
processo vivencial.
ü A discrição continua sendo fundamental,
pois devemos evitar revelar os segredos iniciáticos que só podem ser
transmitidos dentro da Loja.
Acredito
que podemos encontrar um equilíbrio entre a preservação da nossa tradição e a
abertura ao mundo exterior. Ao compartilhar nossos valores e conhecimentos de
forma responsável, contribuímos para o engrandecimento da Maçonaria e para a
construção de um mundo mais justo e fraterno.
Abrindo a visão por analogia
Por
outro ângulo, a divulgação destes artigos, para um público mais amplo, de
assuntos do mundo sagrado, cria oportunidades para quem for tocado nos
procurar.
Em
geral, o não iniciado que visita o nosso blog, o faz à semelhança de quem
frequenta missas sem ter sido iniciado, assiste sem compreender plenamente.
Ignora o significado de cada ato, falta-lhe desenvolver um coração inteligente.
A iniciação se dá com o batismo, com o estudo dos textos da fé, principalmente
o Livro da Lei, lidos com a hermenêutica adotada pela Igreja.
Na Missa Cristã ou Ceia do Senhor, de acordo com o Missal Romano, o povo de
Deus é convocado e reunido sob a presidência do sacerdote, representante da
pessoa do Cristo. A Missa celebra a memória do Senhor, ou sacrifício
eucarístico. Um leigo, desinformado do papel essencial do sacerdote ficará
disperso, incapaz da atenção e da escuta adequadas. Para tornar-se um iniciado,
precisa ir além de estar informado, recebendo no coração o sacerdote como
representante do Senhor, um homem santo.
Na
Missa, a liturgia da palavra e a liturgia eucarística estão intimamente ligadas
e constituem um só ato de culto. O cristão verdadeiramente iniciado sabe que na
leitura das Sagradas Escrituras na Missa, o próprio Deus fala ao seu povo
através de Cristo anunciando o Evangelho. Para ouvir a fala de Deus é preciso
fazer parte do seu povo, estar presente na Igreja. Estudos fora do Templo são
insuficientes.
Exigência de presença e participação
De
modo semelhante, a compreensão dos mistérios da Ordem exige a presença nas
sessões da Loja, vedada a profanos. Este fato pode dissipar temores quanto ao
acesso de profanos aos textos aqui divulgados, buscando desmistificar o nosso
trabalho e favorecer o ingresso de novos obreiros com um nível maior de
consciência. São leituras capazes de transformar a curiosidade de um candidato
ao ingresso na Ordem em anseio de tornar-se portador da Arte Real.
Voltando o nosso olhar para a Missa Cristã, vemos que a introdução dos fiéis ao
ritual se dá com o Ato Penitencial. Eles se reconhecem pecadores e solicitam o
perdão pelos atos incorretos praticados: “Senhor, tende piedade”. O ritual se
encerra com os fiéis convocados à Comunhão com o corpo e o sangue do Cristo. Os
fiéis confiam na misericórdia divina, na aplicação de uma justiça
amorosa.
A participação da missa com plena consciência do seu significado é um processo
iniciático, nela o pecador (homem velho) é convertido em um homem novo
(ressuscitado no Cristo). Sem essa consciência, apenas leituras deixam o leigo
no ponto inicial, pois para tornar-se um verdadeiro iniciado é necessário
caminhar. Estudos são necessários, mas insuficientes. É preciso caminhar na
estrada de Jesus, o Cristo. É preciso presença no caminho.
Conclusão
De
modo semelhante, o profano mesmo estudando o que existe publicado a respeito
das coisas maçônicas pode continuar cego, a luz ele só recebe na Loja. O
próprio obreiro que se ausenta das sessões da Loja, pode aos poucos ir perdendo
a luz que ilumina os seus olhos. E o irmão, sem trabalhar nem estudar, por mais
que frequente a sessão na Loja pode continuar na região de pouca claridade.
Exortação
Que
o nosso Pai nos dê conforto e paz para os nossos corações. Que nos seja
permitido continuar maçons, portanto homens livres, caminhantes na estrada do
Senhor, iluminados seja pelo Buda - o Desperto, seja por Jesus - o Cristo. Que
tenhamos raízes e que tenhamos asas de acolhimento ao outro.
Poeta Hiran de Melo - Mestre
Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz e Noaquita - oráculo de Melquisedec, 15 de
dezembro de 2010 da Revelação do Cristo.
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