Eleições no GOPB e os graves problemas que afligem a entidade.

Em 2022 temos uma nova oportunidade de refletirmos juntos sobre 2 (dois) problemas que atormentam os que dirigem as lojas da maçonaria brasileira, e em particular as do Grande Oriente da Paraíba (GOPB). Um antigo - a alta evasão de obreiros, e outro novo - o baixo interesse em fazer parte da maçonaria. Em decorrência, verificamos o enfraquecimento das lojas, chegando algumas a iminência de adormecerem, e outras efetivamente terem suas colunas abatidas.

São problemas que se agravaram com a presença da COVID 19 em solo brasileiro. Mas que já existiam muito antes de 2019. E que iriam estar hoje presentes, mesmo sem a presença da COVID 19, já sobre controle pela adoção da vacina pelo povo brasileiro.

A expansão e retração são fenômenos naturais que se apresentam nas obras humanas, em particular nas formas de produção de bens materiais e nas instituições políticas e entidades sociais.

A maçonaria surgiu como uma entidade para combater a forma de dominação política caracterizada pela concentração do poder político. Embora ela proíba a discussão política partidária nas sessões de lojas, nos seus manuais ela proclama o combate a tirania. Sendo ela mesma constituída a semelhança do estado democrático e de direito. Portanto, o poder sendo dividido em Legislativo, Executivo e Judiciário.

Posto o básico, vamos aos problemas. Em verdade, apenas brevemente introduzir a discussão de um deles, o antigo. A Evasão decorre em geral pela desilusão. Tenho ouvido ao longo dos últimos anos a confissão do obreiro adormecido que ele perdeu a ilusão.

Que ilusão foi perdida? A que a maçonaria é uma instituição de irmãos espalhados pela face da terra, mas unidos pela fraternidade universal? Que a maçonaria busca construir uma sociedade Justa e Perfeita, a partir do seu próprio exemplo? Que a meritocracia simbolizada na Lenda do Martírio do Mestre é a base moral da instituição?

Muitos outros questionamentos podem ser levantados, entretanto fiquemos apenas na escolha dos dirigentes mediante o padrão do mérito.

É justo e perfeito que só de um restrito grupo de amigos possa surgir os dirigentes da instituição? Em particular, das Lojas e do GOPB.

Em muitas lojas, contemporaneamente, nem é mais relevante este questionamento, visto que o número de obreiros dispostos a permanecer nelas é diminuto. E a dirigi-las mais diminuto ainda.

A condução do obreiro ao cargo de Venerável Mestre muitas vezes se dá em oposição aos interesses particulares do obreiro. Neste caso a recondução é quase impossível. Quando ocorre é devido a inexistência de candidatos. Ou seja, o obreiro aceita a recondução como um sacrifício.

Todavia, na maioria das vezes, desde que haja um candidato e este não faça parte do grupo restrito de amigos – “o grupo no poder” - passa de imediato a ser visto como um estranho no ninho, um inimigo. Quando persiste a intenção desta candidatura, o “grupo do poder” apresenta uma candidatura da situação. E se instala não um debate profícuo, mas uma disputa eleitoral a semelhança das existentes no mundo profano.

O resultado deste processo é o afastamento da loja da candidatura derrotada (independente que seja a da situação ou da oposição) e, assim sendo, a loja sofre uma redução no seu quadro de obreiros. Consequentemente, contribuindo para o aumento da evasão. Portando, enxergo como uma das causas da evasão o processo de sucessão dos dirigentes, dentro de um quadro de animosidade. Como se a eleição da chapa que não da situação representasse a reprovação da diretoria atual. Ou se a vitória de uma nova proposta negasse o valor das ações efetivadas pelos antigos dirigentes.

Em verdade, a renovação das lideranças é uma das condições essenciais para a saúde das entidades e instituições democráticas. Por exemplo, enxergo na candidatura do Irmão Toinho Pitombeira, ao cargo Grão-Mestre Adjunto, como um sintoma da sensibilidade à necessidade da renovação dos quadros de dirigentes. E, também, uma abertura ao Interior.      

Espero que neste ano surja no mínimo uma nova candidatura, não para se opor, ser oposição, ao legítimo interesse do Irmão Almir de Araújo Oliveira – a quem devo a valiosa companhia na fundação da Augusta e Respeitável Loja Simbólica (ARLS) Mestre dos Cristais - atual Eminente Grão-Mestre Adjunto, que tem trabalhado à condição de iminente Grão-Mestre. Mas que seja uma candidatura de opção. E mais que isso, seja acolhida pelo Irmão Onildo Almeida Filho, Sereníssimo Grão-Mestre do GOPB, não como uma negação do seu trabalho, mas como uma contribuição positiva ao processo sucessório.

De modo que possamos livremente exercitar o direito e, simultaneamente, o dever de refletir, dialogar como legítimos e verdadeiros irmãos sobre as soluções para os problemas que afligem a nossa potência. Dentre eles: i) como manter os irmãos nos quadros das lojas, contentes de satisfeitos?  ii) como atrair e proporcionar um ambiente de efetivo desenvolvimento aos neófitos?

Por brevidade, deixo esta pequena contribuição como aperitivo para o debate de ideias em busca de soluções apropriadas ao desenvolvimento dos espaços democráticos.

Vale de Campina Grande PB, aos 21 dias de maio de 2022.

Hiran de Melo, Mestre Maçom

Em tempo: não sou candidato a nenhum cargo. Quando muito, colocou-me a disposição para exercer a função de Mestre de Cerimônias ou de Cobridor Interno de loja. A missão a que fui chamado estava voltada à expansão e consolidação do GOPB. Com toda a minha vontade e entusiasmo, apesar das minhas limitações, penso que foi cumprida. Além de um sorriso amistoso, nada mais tenho a acrescentar.

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