O Mestre Indaga ao Aprendiz – XXVI

Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se incontaminado do mundo constitui a religião pura e imaculada para com o Grande Arquiteto do Universo?

 

Resposta

 

Amado Irmão,

 

A passagem de Tiago 1:27, invocada no questionamento do Mestre ao Aprendiz, transcende a mera exegese teológica, constituindo-se em um imperativo ético de profunda ressonância maçônica. Ao invocar que "a religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se incontaminado do mundo", a provocação nos convida a uma reflexão sobre a indissociabilidade entre a fé e a ação, a contemplação e o serviço.

 

A Compaixão como Imperativo Moral

 

No contexto histórico e cultural do texto, a vulnerabilidade de órfãos e viúvas ecoa a fragilidade da condição humana, um tema caro à Maçonaria. A visitação, mais do que um ato de caridade, configura-se como um exercício de alteridade, um reconhecimento da dignidade intrínseca do outro. A compaixão, em sua essência, transcende a filantropia, constituindo-se em um imperativo moral que nos impele a agir em prol da justiça social.

 

A Pureza como Busca Interior

 

A exortação a "guardar-se incontaminado do mundo" evoca a busca pela pureza interior, um ideal maçônico que se manifesta na lapidação da pedra bruta. O "mundo", em sua acepção bíblica, representa as paixões e os vícios que obscurecem a razão e corrompem o espírito. A pureza, nesse contexto, não se restringe à abstinência de atos imorais, mas abrange a integridade de caráter, a retidão de intenções e a busca pela verdade.

 

A Interconexão entre Compaixão e Pureza

 

A dialética entre compaixão e pureza revela a complexidade da jornada maçônica. O serviço ao próximo, desprovido de vaidade e egoísmo, exige um coração puro, livre das amarras do orgulho e da ambição. A busca pela pureza, por sua vez, não se dissocia do compromisso com a justiça social, manifestando-se em ações concretas que visam o bem comum. Essa interconexão reflete a unidade do ser humano, corpo e espírito, matéria e essência.

 

O Desafio Contemporâneo

 

No contexto da sociedade contemporânea, marcada pelo individualismo e pelo consumismo, a exortação de Tiago se reveste de urgência. A Maçonaria, como instituição iniciática, oferece um espaço de reflexão e prática para o desenvolvimento da virtude e o exercício da compaixão. O desafio reside em transcender a esfera individual, buscando a transformação social através do exemplo e da ação.

 

A Maçonaria como Caminho de Transformação

 

A passagem de Tiago 1:27, ao ecoar os princípios da Maçonaria, nos convida a uma jornada de transformação interior e exterior. A compaixão e a pureza, como faces da mesma moeda, nos impulsionam a construir um mundo mais justo e fraterno, onde a luz da verdade e da virtude possa dissipar as trevas da ignorância e da injustiça. A Maçonaria, nesse sentido, se configura como um caminho de aperfeiçoamento individual e coletivo, um espaço de encontro entre a fé e a razão, a tradição e a modernidade.

 

Poeta Hiran de Melo, 73 anos - Mestre Instalado, Cavaleiro Rosa Cruz, Cavaleiro Noaquita - oráculo de Melquisedec - no Rito Adonhiramita; e Sublime Príncipe do Real Segredo, Grau 32 do Rito Escocês Antigo e Aceito. Campina Grande, 27 fevereiro de 2025 da Revelação da Luz.

 

NOTA: Títulos e diplomas maçônicos não conferem privilégios, apenas atestam a jornada espiritual e maçônica do irmão.

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