Amor, Ordem e a Libertação do Medo no Antropoceno

Diálogo entre Pike e Melquisedec


Por Hiran de Melo

O Encontro no Tempo Presente

Pike:
“Meu irmão, a Maçonaria é uma Ordem Moral que nasce do desenvolvimento racional da civilização. No Antropoceno, essa racionalidade precisa se expandir: não basta organizar sociedades humanas, é necessário reconhecer que o Grande Arquiteto do Universo também se manifesta na ordem da natureza. A ética não pode ser apenas social, mas também ecológica. A vida é parte de uma estrutura superior, e nossa responsabilidade é cuidar da Terra como templo sagrado. A Ordem Moral que defendo deve inspirar práticas concretas: educação para a sustentabilidade, justiça social e compromisso com a preservação dos recursos naturais.”

Melquisedec:
“E eu digo: Deus é amor. A religiosidade autêntica não depende de filiação a uma instituição ou conversão a uma Ordem Religiosa. Ela brota da experiência de amar e ser amado. No Antropoceno, amar significa cuidar da Terra, das gerações futuras e dos mais vulneráveis. O amor é o fundamento da criação e da relação entre todos os seres vivos. Onde há amor, há religiosidade verdadeira — e essa religiosidade nos chama a superar a indiferença diante da destruição ambiental e social. Amar é também agir: plantar árvores, proteger rios, acolher os pobres e defender a dignidade humana.”

O Medo como Obstáculo

Pike:
“O medo continua sendo o grande inimigo da ética e da espiritualidade. Hoje, ele se manifesta como medo da escassez de água, medo das mudanças climáticas, medo da instabilidade social. Esse medo pode aprisionar sociedades em intolerância e egoísmo. Mas o Grande Arquiteto do Universo nos lembra que somos parte de uma ordem maior, e essa ordem exige fraternidade e cooperação global. Precisamos transformar o medo em responsabilidade, e a responsabilidade em ação coletiva.”

Melquisedec:
“Exatamente. O ódio é apenas fruto do medo. Quem teme o futuro, quem teme o outro, quem teme a diferença, fecha-se em rejeição e violência. O amor, ao contrário, expulsa o medo e abre espaço para confiança, solidariedade e paz. A fé autêntica não nasce do temor de catástrofes, mas da confiança no amor divino que acolhe e transforma. É o amor que nos dá coragem para enfrentar os desafios do Antropoceno. E essa coragem se traduz em práticas concretas: educar crianças para o cuidado com a Terra, promover diálogo entre culturas e construir políticas que priorizem a vida.”

Convergência para o Antropoceno

Pike:
“O Grande Arquiteto do Universo é ordem e racionalidade, mas também liberdade de consciência. No Antropoceno, essa ordem nos lembra que a civilização só se sustenta se respeitar os limites da Terra. A Maçonaria, como escola de moral, deve se desenvolver junto com a consciência ecológica e social, ensinando que a ética não é apenas entre homens, mas também entre humanidade e natureza. Devemos propor práticas: reduzir o consumo desenfreado, valorizar a ciência e promover a cooperação internacional.”

Melquisedec:
“E eu acrescento: essa estrutura superior se revela como amor. No Antropoceno, religiosidade é cuidar da vida em todas as suas formas. Quando o medo é vencido, o ser humano descobre que amar é participar do mistério divino e assumir responsabilidade pelo destino comum da humanidade e do planeta. O amor é a chave para transformar medo em esperança e destruição em cuidado. Amar é também criar comunidades solidárias, promover justiça para os pobres e defender a paz como valor supremo.”

Síntese

No diálogo entre Pike e Melquisedec, contextualizado para o Antropoceno, surge uma visão integrada:

  • O Grande Arquiteto do Universo representa a ordem racional e universal que sustenta a ética e a responsabilidade ecológica.
  • Deus como amor revela a dimensão relacional e generosa da existência, que hoje inclui o cuidado com a Terra.
  • O medo é o verdadeiro antagonista da espiritualidade e da moralidade; vencê-lo é condição para que povos cresçam em justiça, fraternidade, esperança e sustentabilidade.
  • As práticas concretas incluem: educação ambiental, justiça social, diálogo intercultural, preservação da natureza, solidariedade comunitária e políticas voltadas para a vida.

Conclusão

Assim, Pike e Melquisedec convergem para um princípio comum: a religiosidade e a ética de um povo aumentam na medida em que o medo é reduzido e a confiança no amor e na ordem superior se fortalece. No Antropoceno, esse princípio se traduz em responsabilidade ecológica, solidariedade social e coragem espiritual. Seja pela racionalidade civilizatória da Maçonaria ou pela experiência espiritual do amor divino, o caminho é o mesmo: libertar-se do medo para viver em plenitude, fraternidade, coragem — e cuidado com a Terra que nos sustenta.

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